segunda-feira, 9 de março de 2009

Refletindo sobre o ensino do jornalismo

Mark Hamilton, professor de jornalismo da Kwantlen Polytechnic University - Canadá, publicou em seu blog um texto que reflete sobre o ensino do jornalismo nos dias atuais. Vale a pena conferir os oito pontos que o professor destaca sobre as peculiaridades e dificuldades do ensino do jornalismo. Traduzo abaixo os pontos de destaque do artigo:

1. Escolas não são construidas para mudanças e adaptações rápidas. Mudanças significantes ou acréscimo de cursos pode levar de seis meses a um ano, devido aos prazos do calendário, etc. É um bom processo para filosofia e história, mas não para os cursos de jornalismo. A última vez que eu fiz uma mudança em meus cursos (acrescentando online e multimídia) eu tive que defendê-la em cinco comitês diferentes, oito meses antes de serem ministradas as primeiras aulas novas.

2. Nem tudo que deveria ser ensinado cabe em três créditos semestrais. Pior, nem todas as disciplinas têm a duração de três créditos semestrais, isso significa que algumas coisas tendem a ser espalhadas em outras disciplinas, então acabam sendo escondidas. Com uma estrutura baseada na idéia de semestres e de cursos de três créditos você ganha um martelo e, para um martelo tudo parece prego. Faz mais sentido pra mim pensar em módulos que durem o quanto for necessário e nenhuma hora a mais.

3. Enquanto pensamos em módulos, nós precisamos dar uma olhada em quem está ensinando. É insano eu ensinar habilidades de escrita, características da escrita, design e layout de jornais, todos os ascpectos de multimídia, etc. Eu acho que eu faço isso bem (porque eu trabalho duro nisso), mas os estudantes estariam muito mais bem servidos com mais vozes do que a minha. Uma aproximação modular, menor do que "cursos" semestrais abre a possibilidade de trazer mais pessoas para períodos mais curtos. Quanto mais vozes, melhor.

(Sim, eu sei que adotar tal sistema interferiria na minha habilidade de ganhar dinheiro, o que é uma séria desvantagem pessoal. Mas nós estamos lidando com hipóteses aqui. Eu espero. A razão de eu ensinar todas essas disciplinas é que eu consigo me manter em pé durante meu turno de trabalho e levar pra casa um salário razoável.)

3. Exercícios de sala têm valor dúbio. Idealmente, cada tarefa para um estudante de jornalismo deveria ser baseada na realidade.

4. Estagiários devem ser reexaminados. Eu percebo o valor de estudantes serem empurrados do mundo acadêmico para o mundo da notícia, mas eu não estou convencido de que uma curta exposição (nós fazemos de duas a quatro semanas de estágio) faz muito mais do que gerar autoconfiança nos estudantes. E eu tenho problemas morais em defender estágios não remunerados, que estudantes tem de pagar taxas.

5. Nós não damos ênfase o suficiente nas tentativas e falhas dos estudantes. O sistema universitário (especialmente o sistema de bolsas) depende das médias, muitos estudantes são fixados em notas e aterrorizados com a idéia de falhar, onde fica concentrado todo o interesse em aprender.

6. Idealmente deveria haver uma maneira de certificar um estudante como pronto para ser um jornalista tanto no começo do primeiro quanto do décimo quinto semestre. Eu sei que isso complica com o conceito de grau, mas algumas pessoas estão prontas antes de concluirem todos os graus.

7. Nós precisamos ultrapassar o conceito de educação baseada no estudante em tempo integral e estruturá-lo como aprendizado parcialmente contínuo, com múltiplos pontos de entrada, para servir para todos os tipos que jornalistas querem ser, desenvolvendo, praticando e ainda conquistando.

8. Nós precisamos selecionar mais cuidadosamente professores de jornalismo para abrir - mas não a aceitação livre de críticas - novas idéias.

Veja o texto original clicando aqui.

Via Ponto Media

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